Essa obra é em primeiro lugar uma defesa da história. Essa defesa se exerce contra ataques explícitos por ele evocados na obra, em especial os de Paul Valéry, mas também contra a evolução real ou possível de um conhecimento científico do qual a história seria repelida para as margens ou até excluída. Pode-se também pensar que Marc Bloch pretende defendê-la contra os historiadores, que, a seu ver, acreditam a ela servir, mas a prejudicam. Enfim, e é, acho, um dos pontos fortes da obra, ele faz questão de marcar as distâncias do historiador em relação a sociólogos ou economistas cujo pensamento lhe interessa, mas onde enxerga também perigos para a disciplina histórica. Será, veremos, o caso de Émile Durkheim ou de François Simiand. O subtítulo definitivo, O ofício de historiador, que substituirá pertinentemente o primeiro subtítulo, ressalta outra preocupação de Marc Bloch: definir o historiador como um homem de ofício, investigar suas práticas de trabalho e seus objetivos científicos e, como veremos, inclusive para além da própria ciência. O que o título não diz, mas o texto sim, é que Marc Bloch não se contenta em definir a história e o ofício de historiador, mas quer também assinalar o que deve ser a história e como deve trabalhar o historiador.