A área da Pediatria é uma área particularmente exigente. A insuficiente investigação clínica em Pediatria; as condicionantes farmacocinéticas e farmacodinâmicas; a falta de formas farmacêuticas adaptadas à população pediátrica; e o maior risco de exposição a erros de medicação, representam condicionantes que contribuem para o aumento da complexidade no tratamento do doente pediátrico. O desenvolvimento da criança representa um processo instável e dinâmico, com influência na farmacocinética e farmacodinâmica, pelo que a criança não pode ser considerada ‘um adulto em pequena escala’. A extrapolação da dose do adulto não é suficiente para assegurar a eficácia e segurança de um fármaco. A realização de ensaios clínicos é fundamental para diminuir o risco de reacções adversas. No entanto, só uma pequena percentagem dos medicamentos usados em crianças foi objecto de estudos clínicos. Dados da EMA revelam que mais de 50% dos medicamentos utilizados em crianças, na UE, não foram avaliados ou licenciados para este grupo da população. Para colmatar esta falta recorre-se ao uso de medicamentos fora da indicação, off-label e não licenciados. Estas práticas estão associadas a um elevado risco de ocorrência de erros de medicação e reacções adversas, que ocorrem também associados ao uso de fármacos com indicação de utilização em pediatria. Em crianças hospitalizadas a incidência de reacções adversas é de 9,53% e em ambulatório de 1,46%. A maior incidência em doentes hospitalizados está relacionada com a maior utilização de medicamentos não licenciados ou em regime off-label no âmbito hospitalar, em especial nas UCI (71,% na UCI para 33% em ambulatório). Melhorias no circuito de utilização do medicamento, podem ser adotadas com vista a uma melhoria na segurança e efectividade dos tratamentos. O Farmacêutico clínico pela sua formação e conhecimentos, desempenha um papel importante ao nível da seleção do medicamento, da análise e validação da prescrição, dispensa e administração de medicamentos. O acompanhamento individualizado do doente pelo Farmacêutico reflete-se na redução dos erros de medicação, melhoria da segurança e eficácia e da adesão à terapêutica. De acordo com um estudo de Fortescue, o farmacêutico é responsável pela prevenção de 81% dos erros de medicação potencialmente perigosos para o doente.