À memória do saudoso e malogrado meu compadre Kamundongo (Higino Aires Alves de Sousa Viana e Almeida), falecido em 11/1/1970, num domingo. Morreu o Higino Aires!!!... Tamoda, muito novo, dirigiu-se à cidade de Luanda, onde viveu muitos anos. Nesta, trabalhava e estudava nas horas vagas, com os filhos dos patrões e com os criados do vizinho do patrão. Assim, conseguiu aprender a fazer um bilhete e uma cartinha que se compreendia. No último emprego, na casa de um Doutor que vivia solteiro, quando o patrão se ausentava para o serviço, passava o tempo a decorar e a copiar os vocábulos do dicionário. Aqueles vocábulos que lhe soavam bem. Já homem e na idade de casar, abandonou a cidade e o emprego e voltou à sanzala1 que o viu nascer. Quando desembarcou na estação dos Caminhos-de-Ferro, sobraçava dois volumosos calhamaços e uma pasta de arquivo na mão. Duas maletas e um saco de pano branco que, além de outros volumes, foram levados pelos parentes que nesse dia iam ao seu encontro. Em casa, na presença daqueles que o iam saudar, abriu a mala que trazia muitos romances velhos, entre eles um dicionário usado e já carcomido, algumas folhas soltas de dicionários, cadernos garatujados com muito vocabulário, um livro de Como se escrevem cartas de amor.