Num mundo construído sobre a capacidade de ver, a visão, o mais dominante dos nossos sentidos, é vital em todo o momento das nossas vidas. O recém-nascido depende da visão para reconhecer e relacionarse com a mãe; a criança, para dominar o equilíbrio e aprender a andar; o estudante, para ir à escola, ler e aprender; a jovem, para participar da vida activa; e a mulher mais madura, para manter a sua independência. No entanto, como mostra este relatório, as doenças oculares e as deficiências visuais são generalizadas e, com muita frequência, não são tratadas. Globalmente, pelo menos 2,2 mil milhões de pessoas têm uma deficiência visual e, dessas, pelo menos 1 milhar de milhões de pessoas têm uma deficiência visual que poderia ter sido evitada ou que ainda não recebeu qualquer assistência. Como sempre, esse encargo não é suportado de forma equitativa. Pesa mais nos países de rendimento médio ou baixo, nas pessoas idosas e nas comunidades rurais. O mais preocupante é que as projecções mostram que a procura global por cuidados oftalmológicos deve aumentar nos próximos anos devido ao crescimento populacional, envelhecimento e mudanças no estilo de vida. Claramente, não temos escolha a não ser aceitar este desafio. É chegado o momento de garantir que o maior número possível de pessoas em todos os países possa ver tão bem e beneficiar-se das tecnologias e sistemas de saúde actuais. Mas é importante reconhecer e aproveitar os sucessos da oftalmologia nas últimas décadas. Um desses sucessos foi a estratégia SAFE, aprovada pela OMS, para eliminação do tracoma. Implementado em mais de 30 países, resultou até agora na eliminação do tracoma enquanto problema de saúde pública em oito países. Outros exemplos incluem parcerias público-privadas para oferecer óculos no Paquistão, Sri Lanka e África do Sul.