O texto apresenta algumas reflexões sobre o desafio da Reforma Psiquiátrica (RP) e da Política Nacional de Humanização (PNH) em mudar os modos de cuidar e de produzir saúde no cotidiano dos serviços. Partindo de observações e de inquietações sobre o atual cenário de ambas políticas, marcado por uma tendência conservadora como, por exemplo, pelas ações para o recolhimento e a internação compulsória que autoridades municipais e estaduais estão implementando, o autor busca explicitar que o cuidado tem a liberdade como princípio e exigência ética e que tais medidas afrontam este princípio representando um preocupante retrocesso na política pública de saúde mental. Destaca, ao final, que ambas as políticas (PNH e Saúde Mental) são apostas que se constroem nas bordas e nas fissuras deste mesmo cotidiano conservador, o que representa um imenso desafio.