A tarefa de traduzir é sempre desafiadora. Essa dimensão se acirra quando a própria tradução é um dos temas problematizados na obra traduzida. Esse é o caso do livro de Oyěwùmí, que chama a atenção para a função que teve a tradução cultural e linguística para os processos de colonização e inserção do gênero na sociedade iorubá. Ela discute a tensão entre uma língua isenta de gênero, o iorubá, e outra, que seria estruturada em torno do gênero, o inglês. Se na língua inglesa já há uma forte presença da lógica e sentidos do gênero, no português, o fenômeno é ainda mais intenso. Não apenas os pronomes e substantivos são marcados pelo gênero, mas a maior parte das palavras designativas das qualidades, funções e atividades humanas também o são.