O uso sustentável e continuado da diversidade genética disponível para o cultivo e consumo de espécies vegetais utilizadas na alimentação é de suma importância para o bem estar das gerações atuais e futuras. Com o avanço da erosão genética, causada pela destruição dos ecossistemas e pela domesticação dos cultivos pelo homem, a conservação do pool gênico dessas espécies tornou-se prioridade em programas agrícolas de muitos países. A caracterização e manutenção de recursos genéticos são hoje, no mundo, uma demanda relevante, principalmente em relação a espécies de importância econômica atual e potencial. O Brasil, como o país mais rico do mundo em recursos biológicos, tem grande responsabilidade sobre essa riqueza, necessitando de estratégias próprias, não apenas para explorá-la de modo sustentável, mas principalmente, para conservá-la. A exploração racional de espécies de importância econômica ou de potencial utilização, voltadas para a alimentação, tem sido o objetivo de programas de melhoramento genético em todo país, e passa impreterivelmente, pela conservação e caracterização do germoplasma disponível. Dentre os recursos genéticos vegetais voltados para a alimentação e agricultura, as fruteiras destacam-se pela grande diversidade e potencial que apresentam, sendo o Brasil, um dos mais importantes centros de diversidade genética de muitas espécies frutíferas tropicais. No Nordeste brasileiro é possível encontrar uma grande variabilidade genética das mais diversas fruteiras, nativas e exóticas, perfeitamente adaptadas e com potencial para a conquista do mercado interno, para a exportação e para a diversificação agrícola da região (Giacometti & Goes, 1993; D’Eeckenbrugge et al., 1998). A evolução econômica e a demanda dos mercados reforçam hoje o interesse dos países latino-americanos para as frutas em geral e as frutas nativas ou exóticas em particular. Essas frutas apresentam sabores sui generis e elevados teores de açúcares, proteínas, vitaminas e sais minerais, de grande importância para a dieta alimentar. Adicionalmente, podem ser consumidas in natura ou na forma de sucos, licores, sorvetes e geléias entre outras delícias culinárias (Avidos et al., 2000). A exploração racional e o uso sustentável desse germoplasma dependem inicialmente, de um programa de conservação e manutenção desses recursos genéticos, incluindo possibilidades de conservação in situ e ex situ, como coleções-base e/ou ativas de sementes; coleções em campo, coleções nucleares e bancos de germoplasma in vitro. A escolha da estratégia de conservação mais adequada para cada espécie é dependente de uma gama de fatores, que vão desde aspectos botânicos, como sistemas reprodutivo e de cruzamento, porte da planta, até condições financeiras da Empresa, Órgão ou Centro de Estudos que ficará responsável pelo estabelecimento e manutenção da coleção. Algumas limitações, no entanto, são evidentes na formação de coleções de germoplasma dessas fruteiras. O porte alto, o longo período de juvenilidade, uma caracterização morfológica ainda bastante incipiente, e mesmo, o pouco conhecimento que se tem sobre variedades e genótipos de algumas dessas espécies, são as maiores dificuldades encontradas nos estabelecimentos desses bancos de germoplasma.