No estado de São Paulo nascem cerca de 600 mil crianças a cada ano, que devem ser tratadas com prioridade absoluta nas políticas de saúde, a fim de que sejam garantidos seus direitos previstos no Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8069/1990). Esse manual tem por objetivo apoiar gestores e profissionais de saúde para a implantação da Linha de Cuidado da Criança. Trata-se de uma estratégia de ação que busca a integralidade da atenção, um dos princípios do SUS, articulando a produção do cuidado desde a atenção primária até os serviços de maior complexidade, no contexto de consolidação das Redes de Atenção à Saúde. Vale ressaltar que, além da articulação dos diferentes níveis de atenção no setor saúde, fazse necessária a articulação com outros setores, pois a intersetorialidade é fundamental para a garantia dos direitos das crianças. A Linha de Cuidado tem como foco principal a Primeira Infância, pois a ciência nos mostra que o os primeiros anos de vida das crianças são fundamentais para estabelecer os alicerces de suas aquisições futuras. Pesquisas mostram que um bebê estabelece, em média, 700 conexões cerebrais por segundo, chegando a ter, aos 12 meses, o dobro de conexões de uma pessoa adulta. Porém, este desenvolvimento pode não ocorrer plenamente se essas conexões não forem utilizadas e estimuladas. Sabe-se que investimentos na Primeira Infância, especialmente nos primeiros três anos, possibilitam a criação de sociedades mais harmônicas, acolhedoras e menos desiguais. É nosso dever oferecer a todas as crianças ambientes físicos seguros, nutrição adequada e relacionamentos estáveis e responsivos, pois os mesmos provêm benefícios permanentes para a aprendizagem, para o comportamento e para a saúde física e mental. Apesar dos avanços no Sistema Único de Saúde (SUS) existem desafios que devem ser enfrentados, pois impactam diretamente na saúde das crianças. Esta Linha de Cuidado foi elaborada para ajudar a enfrentar e superar esses problemas, por meio de um conjunto de ações, procedimentos e reorganização do processo de trabalho centrado na criança. Esperamos que seja um instrumento efetivo para o alcance da atenção integral à saúde e do pleno desenvolvimento das crianças paulistas. O sucesso, porém, depende de cada um de nós, gestores, profissionais de saúde, famílias e sociedade