“...Durante as horas, naquela noite em que John observava as veias distendidas da paciente, seu pulso fraco, sua pressão e respiração, ocorreu-lhe que suas condições poderiam ser melhoradas, se existisse algum modo de, continuamente, retirar algum sangue de suas veias tumefeitas em um aparelho (Figura 1) em que se pudesse captar oxigênio e eliminar gás carbônico e ser, então, bombeado de volta nas artérias...” Mary H. Gibbon, “Recollections” Figura 1: Oxigenador de Telas de Gibbon. 1.1. Histórico No século XIX, o interesse dos fisiologistas em relação à circulação foi voltado para o estudo de órgãos isolados. Interessante que muitos dos trabalhos desenvolvidos nesse período foram fundamentais, alicerçando a circulação extracorpórea (CEC). Le Gallois em 1813 formulou o primeiro conceito sobre o que seria uma circulação artificial. Já em 1828, Kay demonstrou que seria possível a recuperação da contração de um músculo perfundindo-o com sangue. A partir deste ponto, Brown-Seqüard, entre 1848 e 1858, por meio da obtenção de sangue “oxigenado” através da agitação do mesmo com ar, destacou a importância do sangue na composição do perfusato para obter atividade neurológica em cabeças isoladas de mamíferos. Os pesquisadores Ludwig e Schmidt em 1868 construíram um aparelho para infusão sanguínea sob pressão, podendo assim perfundir melhor um órgão isolado a ser estudado. Mas foi Von Schroeder que em 1882 desenvolveu e construiu o primeiro protótipo de “oxigenador” de bolhas primitivo, em que havia um reservatório contendo sangue venoso; nele o ar era inserido borbulhando, realizando a transformação do sangue venoso em arterial. Von Frey e Gruber em 1885 desenvolveram um sistema coração-pulmão artificiais, onde a oxigenação do perfusato era realizada sem a interrupção do fluxo sanguíneo, o que não havia sido tentado por Von Schroeder, seu predecessor. Outras descobertas foram de suma importância para o desenvolvimento de pesquisas e contribuí.