UANDO olhamos para os últimos 80 anos da história brasileira, encontramos, na base do nosso progresso, um formidável avanço tecnológico na agronomia. Foi ela que abriu os horizontes de nossa agricultura e, a partir daí, criou o mercado para os produtos industriais e serviços da moderna economia. Se não fosse a tecnologia agronômica, nossa poderosa indústria citrícola não existiria: os pomares teriam desaparecidos nos anos 40, destruídos pela “tristeza”. Os canaviais teriam sido eliminados pelo carvão e pelo mosaico nos anos 50. Os cafezais, nos anos 60, pela ferrugem. Não teríamos o milho híbrido nem o melhoramento do algodão. A soja não progrediria tanto com as novas variedades. Frutas, verduras e flores não teriam se desenvolvido da mesma forma. Para onde quer que voltemos nossos olhos – grãos, raízes, fibras, frutas, legumes, pastagens, florestas – encontramos o testemunho formidável do trabalho dos engenheiros agrônomos, estes heróis que, somando sua luta à dos agricultores brasileiros, construíram o Brasil, hectare por hectare, semente por semente, décadas e décadas de anônima dedicação. Só por isto, por seu esforço nas áreas de pesquisa, ensino, extensão, produção, deveriam ser respeitados, admirados e decantados pela sociedade urbanoindustrial de hoje. Mas não o são. Já foram, em passado recente, quando, nas cidades do interior, o agrônomo era tão importante quanto o juiz, o promotor, ou o presidente da Câmara Municipal. Por que isto mudou? O que mudou? Por que perderam valor perante os olhos dos cidadãos urbanos? E, mais ainda, o que fazer para resgatar esta verdade? Esta justiça? Afinal, os agronegócios representam 21% do PIB nacional, ou 25% do total de produção do país. Empregam 37% dos trabalhadores brasileiros e correspondem a 40% das nossas exportações, sendo o único grande setor superavitário da balança comercial. São, portanto, o maior negócio do país. E têm a maior importância social, pela geração de empregos.