Num mundo construído sobre a capacidade de ver, a visão, o mais dominante dos nossos sentidos, é vital em todo o momento das nossas vidas. O recém-nascido depende da visão para reconhecer e relacionarse com a mãe; a criança, para dominar o equilíbrio e aprender a andar; o estudante, para ir à escola, ler e aprender; a jovem, para participar da vida activa; e a mulher mais madura, para manter a sua independência. No entanto, como mostra este relatório, as doenças oculares e as deficiências visuais são generalizadas e, com muita frequência, não são tratadas. Globalmente, pelo menos 2,2 mil milhões de pessoas têm uma deficiência visual e, dessas, pelo menos 1 milhar de milhões de pessoas têm uma deficiência visual que poderia ter sido evitada ou que ainda não recebeu qualquer assistência. Como sempre, esse encargo não é suportado de forma equitativa. Pesa mais nos países de rendimento médio ou baixo, nas pessoas idosas e nas comunidades rurais. O mais preocupante é que as projecções mostram que a procura global por cuidados oftalmológicos deve aumentar nos próximos anos devido ao crescimento populacional, envelhecimento e mudanças no estilo de vida. Claramente, não temos escolha a não ser aceitar este desafio. É chegado o momento de garantir que o maior número possível de pessoas em todos os países possa ver tão bem e beneficiar-se das tecnologias e sistemas de saúde actuais.