As consequências da pandemia de COVID-19 sobre a saúde de crianças e adolescentes no Brasil, assim como em outros países da América Latina, tem potencial muito mais negativo do que o que vem sendo relatado em países da Europa e América do Norte. Alguns fatores devem ser considerados e enfrentados sob o risco de aumento na morbimortalidade, tais como: (a) a composição demográfica da população brasileira com alto número de crianças e adolescentes; (b) contingente de crianças com condições crônicas com controle insuficiente; (c) desafios no acesso e qualidade do cuidado na Atenção Primária à Saúde; (d) desafios no acesso e qualidade do cuidado pediátrico de maior complexidade, particularmente em tempos de grande pressão no sistema hospitalar, levando, inclusive, à desativação de leitos pediátricos e, (e) o aumento da vulnerabilidade social. Diante desse cenário, o fortalecimento da capacidade de atenção à saúde da criança e adolescente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) deve ser prioridade em todo o país. Esse esforço deve estar articulado a outras políticas de proteção social e alguns pontos merecem destaque.