O direito fiscal atinge a generalidade dos cidadãos e das empresas de forma especialmente intrusiva. Na cultura popular angolana esta realidade é ilustrada pela estória do Jacaré Bangão que vivia nas marge11s do llio Dande, localizado no Município de Caxito, Província do Bengo. A estória refere-se ao tempo em que as autoridades coloniais portuguesas obrigavam ao pagamento do I1nposto Geral Mínimo a cada cidadão angolano. A população considerava este Imposto u1n instrumento de op{essão utilizado pelo poder colonial, que punia exe1nplarmenLc quem resistisse ao seu pagamento. Conta a estória que, um dia, o Sr. Ngundo - um jacaré de grande porte e com fama de n1al humorado -, para se vingar de alguns desentendimentos com as autoridades coloniais, se dirigiu ao Cl1efe do Posto da respectiva circunscrição administrativa, que era conhecido por ser especialmente duro e implacável na cobrança do imposto, com um saco de dinheiro entre os dentes. Colocou o seu ar mais feroz e disse que estava ali para pagar o imposto. O Chefe do Posto, e os seus sipaios, fugiram em pânico, enquanto o povo assistia à cena. O Jacaré Bangão passou a ser visto como um herói pelo povo de Caxito. Sem prejuízo do imposto configurar um meio indispensável para o financiamento do Estado com vista a satisfação das necessidades colectivas públicas, este conto permite-nos concluir que a sua criação deve estar sempre associada à ideia de representação como pressuposto de legitimação (no taxation without representation) e deve obedecer ao quadro axiológico da justiça, da igualdade e da proporcionalidade.