Este é o livro de minha vida. Não estou a afirmar méritos nem a propor comparações com outros escritos meus e muito menos com as notáveis obras de direito processual civil produzidas no Brasil e no mundo ao longo de mais de um século de ciência do processo. Vejo nestas Instituições de direito processual civil o meu próprio espelho, o espelho da minha vida de processualista, das minhas reflexões, convicções, dúvidas, vacilações e erros. Já se passaram mais de quarenta anos desde quando, guiado pelo Mestre Luís EULÁLIO DE BUENO VIDIGAL, no terceiro ano da Faculdade do Largo de São Francisco, comecei a sentir minhas primeiras curiosidades e uma enorme perplexidade diante desse universo desafiador que é o processo civil. Vivenciei o processo como promotor de justiça, como juiz e como advogado. Esse tem sido um longo estágio de absorção de conceitos e princípios, de tomadas de posição e sobretudo de busca de soluções. Estou convencido de que o processo civil, como toda técnica, só será uma boa técnica na medida em que for capaz de oferecer soluções boas - processo justo é o processo que produz soluções justas. Continuo aprendendo conceitos, reverenciando princípios, desvendando estruturas e buscando soluções boas, mediante o longo e intenso aprendizado que é a docência da disciplina durante trinta anos em minha velha e sempre nova Academia. É esse o universo de imagens espelhadas nas presentes Instituições. Elas foram escritas a partir de pensamentos e conceitos já ensinados em aulas, expostos em livros e artigos, sustentados em pareceres, defendidos em arrazoados e impostos em decisões. São o espelho de meus acertos e desacertos, ou o espelho de minha vida de processualista. O livro de minha vida, portanto.