A tradução de um clássico da filosofia para a linguagem moderna é uma tarefa difícil, não importando qual seja a clareza do original. Se este original em si não está muito claro, as dificuldades aumentam. Mas se, como acontece neste caso, o original jamais foi escrito, mas narrado (e por um palestrante notoriamente ruim) e anotado por seus alunos, na maioria leigos, a tarefa de tradução torna-se realmente incerta e arriscada — como é evidenciado por traduções anteriores deste texto para o inglês. O original alemão não está apenas muitas vezes ambíguo e obscuro, mas o estilo é muitíssimo irregular. Ele oscila continuamente entre o pomposo e o coloquial, sem dúvida por causa da maneira como foi feita sua composição. Hegel em geral voa alto demais ou muito baixo e há pouco esforço para centralizar exatamente a palavra no pensamento. A importância da tradução pioneira de Sibree, que consultei e acompanhei em alguns lugares, não deve ser minimizada. Entretanto, Sibree escolhe firmemente o caminho da pomposidade — ele é complexo até mesmo onde Hegel é simples. Escolhi entre o caminho do conservadorismo da tradução literal e o radicalismo da transliteração, tomando um rumo intermediário, levemente à direita do centro. Se a tradução de Sibree tem sido chamada de barroca, em comparação, esta poderia ser chamada de georgiana. Embora ela seja mais completa e, espera-se, mais correta do que as anteriores, não é de maneira alguma uma tradução definitiva. Estou convencido de que esta seria uma paráfrase do original. O fato de que, apesar de seus riscos, a tradução tenha sido empreendida devese primeiramente ao editor da Biblioteca das Artes [pág. 07] Liberais, Mr. Oskar Piest, cuja cooperação, crítica construtiva e incansável açodamento para a perfeição foram sempre fonte de estímulo. Devo um agradecimento especial ao Professor Paul Schrecker da Universidade da Pensilvânia, que examinou criticamente todo o manuscrito, esclareceu muitas obscuridades do texto e deu muitas sugestões que aperfeiçoaram tanto a exatidão quanto o estilo da tradução. Os méritos desta tradução em grande parte se devem a ajudas que recebi.