No centro do atelier, afixado a um cavalete vertical, estava o retrato em corpo inteiro de um jovem de beleza invulgar. À sua frente, sentado a uma certa distância, estava o autor, Basil Hallward, cujo desaparecimento súbito, há alguns anos, havia provocado, na altura, grande alvoroço e dera origem às mais surpreendentes conjecturas. Ao olhar a figura grácil, formosa, que com tanta perfeição registara através da sua arte, assomou-lhe ao rosto um sorriso de prazer, que parecia aí querer demorar-se.